Making Off dos Cubos

Um cubo sem nome
Ok. Eu sei que eu deveria mostrar o making off desse cubo. Mas não deu. Não quis e, logo, não mostrei. Agora ele está acabado...por mim. Ainda precisa passar pelo processo de proteção com uma dose de verniz especial e adequado, que será feito por outra pessoa que tenha pistola de compressão para deixar o pequeno com aquela cara de docinho caramelado de casamento!
Mas, porque ele não tem nome? Porque ainda não decidimos se nossos cubos irão com nomes e onde essas informações deverão ser colocadas. Assim, isso ficará para quando a exposição estiver ali, a sua disposição.
Cada artista tem dois cubos de sua autoria.
Eu resolvi fazer duas técnicas diferentes e com matérias-primas diferentes. Um pintado, e outro têxtil.
Então, daqui para frente, apenas making off de partes do cubo têxtil.
Voilá!












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Pontilhismo é o que mesmo?
É a arte do ponto. Assim como hoje a imagem é feita do pixel, o pontilhismo faz a pintura a partir do ponto.
Ponto por ponto, cor por ponto, cor por cor, passagens por passagens, ponto por ponto.
Assim é construída a arte de Carlota Keffel Garcia, a Loti para os amigos.
Primeiro riscos, depois a base, e depois parte por parte e ponto por ponto. Assim ela constrói a sua tela, o seu cubo, ou a sua vaca, como apresentou para todos a Arbíbora.
Uma técnica da paciência e/ou da sapiência; de profundidade e/ou maturidade, de budista e/ou cientista.
Assim é Carlota! Assim é Loti: dinâmica e paciente na sua maturidade. De ponto em ponto a tela ficará pronta!
O primeiro dia de riscos...


O segundo dia de riscos...


O primeiro dia de cores e pontos...


O segundo dia de pontos e detalhes. Mas não para aí. Ela vai seguir e mais detalhes terão!

Carlota Keffel Garcia
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Sincretismo de culturas








"Sincretismo de culturas" é este trabalho que estou realizando na pintura dos cubos.
Traço um elo entre o conteúdo de várias culturas e nossa contemporânea de elementos visuais de consumo e comunicação.
Com desenvolvimento de elementos de simbolismo, rituais e cultos, pinturas corporais entre outros; juntamente com selos, caracteres tipográficos, código de barra ; como um contraponto, um diálogo de marcas, imagens recortadas que se unem de forma sutil, usando a grafia, cor e a linha como links; elementos integradores .
Sinais que se estruturam, ora de maneira fragmentada, ora misturados em suas formas e texturas.

Graça Tirelli 

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Eu e meus cubos

     Todo dia de manhã meus Cubos ficam a me observar...  O que será que esse cara vai aprontar com  a gente??? Confesso que fico até meio constrangido de passar por eles na minha garagem, ainda por cima com a grande movimentação de latas de tintas e lixadeiras circulando pelo ambiente (reforma do prédio).  Eles chegam a suar cada vez que um pedreiro ou um pintor passa por eles.  Mas vou deixá-los sofrerem um pouquinho pois no fim o resultado final será infinitamente melhor do que a atual situação dos coitados.
Assim espero...

Paulo Thumé

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Cubo 1 "O mundo ao quadrado"




      Este é o modelito em pequena escala do meu Cubo chamado "O Mundo ao quadrado", confesso que pra transformar o mapa mundi  redondo em um mapa mundi quadrado foi pior do que eu imaginava. Mas enfim acho que começarei desta forma. E sempre temos a velha opção de dar um fundo em tudo,  he he he.

Paulo Thumé

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Panos, Pontos, Tintas, Pincéis

Olá, eu sou Simone Guardiola, mais conhecida por Nina Shô.
Vou começar com meu making off. São dois cubos por artista e resolvi fazer duas técnicas diferentes. Vou passear pelos pincéis e tintas, e com agulhas, linhas, panos e pontos.
Nas tintas e nos pincéis, a liberdade.
Nos panos e nas agulhas a matemática. Tudo é matemática. Tudo é calculado. Tudo é bem pensado e resolvido. Precisão de cirurgião! Aliás, vocês verão o ferramental de cirugião: ferro especial, mini tesoura para detalhes, tesoura especial de corte pequeno, tesourão, micro pedaços de tecidos...Ufa! E ainda nem cheguei nas linhas e nas agulhas.
Ontem comecei a face 06 do projeto. Somente a base. Já consegui um dedo queimado, mas isso faz parte! A gente sempre sabe, mas a empolgação faz dessas coisas.
Vamos às fotos!

Ontem: a base projetada, os primeiros tecidos e um tempo para pensar, com vinho e cigarro.

Hoje: a base pronta, o ferro onde queimei meu dedo e o ferramental apropriado. Tem muito mais trabalho pela frente! E essa é apenas a face 06. Há mais cinco.


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RELENDO OS TECIDOS DE CHITA :
AS FILHAS DE LILITH  X  O ETERNO FEMININO



Há muito tempo que exploro as possibilidades dos tecidos de chita. A indústria textil foi das primeiras a serem implantadas no Brasil e esses tecidos produzidos de forma rudimentar serviam para as vestimentas populares e dos escravos da colônia. Antes de o Brasil se tornar o Reino de Portugal, Brasil e Algarves com a transferência da Família Real, as fábricas eram proibidas por Portugal, pois a colônia deveria ser econômicamente dependente, e não podia competir com produtos da metrópole e da Inglaterra.

A chita brasileira tem raízes na Índia. Durante as grandes navegações, os tecidos indianos eram trazidos para a Europa e comercializados junto com pimenta e especiarias, e foram imitados pela indústria textil inglesa, francesa e portuguesa.  Via Portugal, a chita chegou ao Brasil nos 1800 e adotou estampas exuberantes, simples e alegres. Além de vestir o gênero feminino das classes mais humildes, a chita brasileira passou a vestir as festas populares nas manifestações do nosso folclore. Além disso, disseminou-se na decoração das casas simples. Toalhas, cortinas e almofadas de chita povoam o universo feminino nos lares do Brasil profundo. Visitando essas casas, eu vi a manifestação da feminilidade das brasileiras naqueles pedaços de pano, vestindo seus lares com cores e flores. Percebi que essa mesma feminilidade está nos objetos que desenho e produzo com os panos de chita sobre papel kraft. Na vaca que customizei para a Cowparade, a Eu Sou de Chita, utilizei a mesma linguagem, e ali estava de novo, gritante, a feminilidade que mora em mim e em todas as mulheres do Brasil.

Agora, para a mostra [ART]3, achei que seria hora de relacionar esses tecidos ao feminino de forma mais explícita. Busquei minha inspiração no mito de Lilith, que sempre me fascinou e encantou, pela rebeldia, pela liberdade, e pela corajosa opção de ser maldita para não abrir mão da própria convicção. Essa mulher mítica e arquetípica, criada do barro, como Adão, foi a primeira mulher da criação, precedendo Eva. Mas Lilith não aceitou a posição submissa no ato da união física com seu amado. Apaixonada por Adão, Lilith queria experimentar todas as possibilidades do prazer, sem ter de submeter-se eternamente ao peso do corpo do amado. Adão recusou-se e rejeitou Lilith. Magoada, ela blasfemou contra Deus, e fugiu para os limites do Éden, nas fímbrias do Mar Vermelho, onde habitavam os demônios. Três anjos enviados por Deus foram resgatá-la. Mas ela recusou-se a voltar para Adão e submeter-se à lei divina. Foi amaldiçoada e demonizada pela tradição judaica e católica.



Para mim, Lilith representa a luta feminina contra a submissão, e carrega o mistério das zonas sombrias da feminilidade. Mas também traz em sua luta a conquista da valorização dos atributos femininos. Na história humana, cumprir a maternidade e a feminilidade é tão importante quanto a invenção do computador. Essa é a grande conquista de todas as Liliths do mundo. Lilith exerce sua fúria em sua luta insubmissa, mas não nega sua doçura. Lilith não se masculiniza no combate à submissão, exerce a feminilidade, fonte de seu poder. E é aqui que entram essas mulheres que pintei em preto e branco, em imagens carregadas de luz e sombra, com as bocas marcadas de vermelho sangue. Essas imagens que se escondem nas sombras de uma exuberante floresta de flores com  seus olhares doce-selvagens enegrecidos, contrastam com a explosão de cores dos tecidos de chita. Explorar esse contraste me leva a pensar que assim posso provocar alguma reflexão sobre a complexidade do feminino, a obscuridade, a luz, a alegria, o mistério profundo, a sensualidade farta do que seja ser mulher. Toda a contradição que habita a alma feminina. Uma espécie de homenagem a todas as mulheres do mundo.